Histórias e teorias possíveis das ficções científicas

São muitas as formas possíveis de se pensar as histórias das ficções científicas, a depender da maneira como definimos o gênero artístico e do ponto em que identificamos sua origem. A depender de quem e de como conta a história. Com a apresentação de Ana Rüsche, Cláudia Fusco, Kênia Freitas e Kim Doria, o curso pretende refletir sobre a vocação das narrativas de ficção científica para lidar com temáticas relativas ao destino da humanidade e de seu meio ambiente. Ao longo de quatro encontros, serão abordadas algumas das principais obras e artistas do gênero, buscando tratar dos diálogos possíveis entre ficção científica e nossas sociedades.

18/5 a 8/6, terças, das 20h às 22h

Plataforma Microsoft Teams

40 vagas. Gratuito.

Inscrições a partir das 14h de 4/5 no site do Sesc São Paulo.

Sobre as aulas

18/5 — Aula 1 — História da ficção científica: da Antiguidade ao século XIX, com Kim Doria

Na aula de abertura do curso, serão discutidas diversas formas de definir e narrar as histórias do gênero, identificando pontos de origem possíveis na Antiguidade, na Revolução copernicana e no longo século XIX. Viagens no tempo e no espaço, sociedades alternativas, vidas extraterrestres, ciência, religião e alteridade são temas que serão abordados em uma jornada que pode durar um século ou vários, a depender de onde nos posicionamos. Ao longo do encontro, serão abordadas obras de Mary Shelley, Júlio Verne e H.G. Wells, dentre outras mentes inquietantes.

25/5 — Aula 2 — História da ficção científica no século XX, com Cláudia Fusco

Se o século XIX guarda as origens do pensamento de ficção científica, é no século XX que este modo literário floresce. Ao longo de décadas, a ficção científica passa de narrativa pulp para leitores de nicho a matéria de interesse acadêmico e cinematográfico, permeando Eras de Ouro, inovações tecnológicas e desconfiança científica no mundo pós-guerras. É o tempo dos grandes nomes da literatura, como Isaac Asimov, Ursula Le Guin, Ray Bradbury, Octavia Butler e Arthur C. Clarke. Neste encontro, faremos um panorama de como este século agitado contribuiu para o amadurecimento da ficção científica como literatura e resistência no Brasil e no mundo.

1/6- Aula 3 — Ficção científica contemporânea, com Ana Rüsche

A aula abordará a produção da ficção científica nas primeiras décadas do século atual. Temas como a preocupação ecológica e estéticas híbridas se fazem mais presentes, a exemplo de movimentos como solarpunk e new weird — esse último abraçado por Jeff VanderMeer e China Miéville. A autoria feminina é uma marca do período, despontando como referências Ann Leckie, Becky Chambers, Charlie Jane Anders e N. K. Jemisin, entre outras. Na América Latina, o predomínio anglófono nas publicações de grandes editoras é contraposto a uma produção cada vez mais relevante publicada por editoras independentes, como é o caso de narrativas da argentina Teresa Mira de Echeverría e da mexicana Gabriela Damián Miravete.

8/6 — Aula 4 — Afrofuturismo, com Kênia Freitas

A aula propõe-se a discutir os desdobramentos estético-políticos do afrofuturismo, sobretudo a partir do campo audiovisual. Apresentaremos as origens do conceito nos anos 1990 (relacionada às mudanças na tecnocultura global) e as suas definições contemporâneas (marcada pela presença feminina negra e por uma politização mais aguda do termo). Partindo de um entendimento do afrofuturismo como uma junção da experiência e autoria negra com o universo de criação das narrativas e estéticas das ficções especulativas, a aula abordará também alguns filmes e obras afrofuturistas.

Sobre as professoras

Ana Rüsche (São Paulo, 1979). Doutora em Estudos Linguísticos e Literários pela Universidade de São Paulo (2015) com tese sobre ficção científica e utopia. Escritora, seu último livro é “A telepatia são os outros” (Monomito, 2019), finalista do Prêmio Jabuti.

Cláudia Fusco é mestre em Estudos de Ficção Científica pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra. É escritora, roteirista e professora, com foco em ficção científica, fantasia e todo tipo de histórias mágicas. Atualmente, é professora de pós-graduação da ESPM e do Instituto Vera Cruz.

Kênia Freitas é pesquisadora, crítica e curadora de cinema Fez estágios de pós-doutorado em Comunicação na UCB (2015–2018) e na Unesp (2018–2020). Doutora pela Escola da Comunicação da UFRJ (2015). Realizou a curadoria das mostras “Afrofuturismo: cinema e música em uma diáspora intergaláctica” (2015), “A Magia da Mulher Negra” (2017 e “Diretoras Negras no Cinema brasileiro” (2017–2018). Integrou as equipes curatoriais do IX CachoeiraDoc (2020) e Festival de Cinema de Vitória (2018). Escreve críticas para o site Multiplot!. Ministra cursos e oficinas sobre crítica, cinema negro, afrofuturismo e fabulações.

Kim Doria é professor e gerente de comunicação da editora Boitempo. Mestre em História, Teoria e Crítica pela ECA-USP e formado em Comunicação Social com Habilitação em Cinema pela FAAP. Coordenou diversos eventos, dentre eles “Democracia em colapso?” (Sesc Pinheiros, 2019) e “O horror não está no horror” (Sesc Avenida Paulista, 2019). Escreve sobre livros, astrologia materialista dialética & transformar o mundo com mucho amor na newsletter “A vida é uma quitanda”.

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